segunda-feira, outubro 18, 2004

Come te nessuno mai

Havia um tempo em que a Itália ditava regras e modas para o cinema. Falo dos anos 50 e 60, do auge do neorealismo (Visconti, De Sica, Rosselini) e também dos diretores que anteciparam a nouvelle vague (Antonioni) ou enveredaram por caminhos muito pessoais (Fellini). De lá para cá, o cinema italiano perdeu a maior parte de sua importância, mas com um pouco de boa vontade e paciência ainda se descobre o trabalho de artistas interessantes, como o diretor Nanni Moretti (O Quarto do Filho, Caro Diário) e o ator Stefano Accorsi (O Último Beijo, Um Amor Quase Perfeito).

Gabriele Muccino é uma dessas promessas, um jovem cineasta na faixa dos trinta anos que tem se destacado por comédias românticas espertas. "O Último Beijo" fez algum sucesso por aqui contando as aventuras de uma turma de amigos que estão, meio a contragosto, largando a liberdade da juventude para se tornar respeitáveis pais de família. Agora está em cartaz um filme anterior do mesmo diretor, ainda melhor, que em português virou "Para Sempre na Minha Vida" (Come te nessuno mai no original, algo como "Nunca vai haver outro como você").

O filme foca alguns dias na vida de adolescentes que estão descobrindo o amor e a política, pegando uma série de encontros e desencontros que acontecem durante a ocupação de uma escola num protesto estudantil. O protagonista (e co-roteirista) é também o irmão de 16 anos do diretor.

Dada a qualidade do gênero "comédia adolescente", eu tinha ficado de pé atrás em ver este filme, só mudei de idéia depois que uma amiga do trabalho me recomendou entusiasmada. E, realmente, eu teria perdido uma belíssima história, com um roteiro inteligente que combina hormônios, idéias e sensibilidade. O filme é de uma leveza impressionante, até ingênuo algumas vezes, mas que faz a gente sair do cinema com o sentimento de uma felicidade tranqüila.

Há pelo menos três seqüências primorosas: a invasão da escola, a noite insone e uma bela cena de amor que é também um hino à vida e à liberdade. As discussões dos rapazes e moças com seus pais também são ótimas. E uma característica dos filmes italianos, ao contrário dos americanos, é que muitos dos problemas dos personagens não se resolvem. A vida continua, mas a distância entre pais e filhos permanece.

1 Comentarios:

Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Nika querida,

foi pena a gente não ter se encontrado. Estou louco para cavar uma viagem para Londres para dar um abraço em você e na Júlia. Quem sabe não pinta um seminário ou conferência por aí? Beijos!

outubro 19, 2004 1:54 PM  

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