Cidadania Regulada (e Hospitalizada)
Os últimos dias foram bastante agitados por conta dos problemas de saúde do meu tio. Na sexta-feira, ele estava desenganado, sofreu inclusive uma extensão do primeiro infarto. No sábado, começou a melhorar e foi operado novamente. Agora esperamos, mas a situação parece menos preocupante.
Os problemas mais sérios vieram por conta de sua situação financeira, já que o plano de saúde não cobre suas despesas. O hospital forçou minha tia a assinar um documento onde ela se compromete a pagar pela internação e pela cirurgia. O valor é absurdo, já ultrapassa R$40 mil, é claro que ela não tem como bancar nem uma fração disso.
Ontem, com a ajuda do meu irmão, ela procurou a defensoria pública em busca de uma solução para o caso. Segundo a defensora, as perspectivas são favoráveis, porque era uma situação de emergência etc. Foi uma enorme correria em busca de certidões, atestados, comprovantes de renda etc. Fui dormir por volta de meia-noite e os dois ainda estavam na rua indo e vindo.
Um dos documentos que teve que ser apresentado é um atestado médico descrevendo o estado do meu tio. Não é coisa das mais fáceis de se obter, ainda mais para um processo jurídico contra o hospital (o plano é do Hospital Silvestre, em Santa Teresa) mas como meu pai é médico, valeu-se dessa condição para conseguir o documento - se houvesse recusa, ele poderia acionar o Conselho de Medicina no caso.
O que me fica de toda essa crise é uma constatação de como o acesso aos direitos de cidadania no Brasil, longe de ser republicano (= disponível para todos) é restrito a quem pertence a uma corporação profissional, quase como num clube ou numa máfia. Cidadania regulada, como diz mestre Wanderley Guilherme. Sem os conhecimentos jurídicos e médicos do meu irmão e do meu pai, meus tios estariam nas mãos do hospital.
Em meio a esse caos, vale destacar o trabalho da defensoria pública. Melissa, lembro da nossa discussão sobre o filme "Justiça" - você tem razão quanto ao ótimo desempenho da DP, e de como poucas pessoas sabem disso.
Os problemas mais sérios vieram por conta de sua situação financeira, já que o plano de saúde não cobre suas despesas. O hospital forçou minha tia a assinar um documento onde ela se compromete a pagar pela internação e pela cirurgia. O valor é absurdo, já ultrapassa R$40 mil, é claro que ela não tem como bancar nem uma fração disso.
Ontem, com a ajuda do meu irmão, ela procurou a defensoria pública em busca de uma solução para o caso. Segundo a defensora, as perspectivas são favoráveis, porque era uma situação de emergência etc. Foi uma enorme correria em busca de certidões, atestados, comprovantes de renda etc. Fui dormir por volta de meia-noite e os dois ainda estavam na rua indo e vindo.
Um dos documentos que teve que ser apresentado é um atestado médico descrevendo o estado do meu tio. Não é coisa das mais fáceis de se obter, ainda mais para um processo jurídico contra o hospital (o plano é do Hospital Silvestre, em Santa Teresa) mas como meu pai é médico, valeu-se dessa condição para conseguir o documento - se houvesse recusa, ele poderia acionar o Conselho de Medicina no caso.
O que me fica de toda essa crise é uma constatação de como o acesso aos direitos de cidadania no Brasil, longe de ser republicano (= disponível para todos) é restrito a quem pertence a uma corporação profissional, quase como num clube ou numa máfia. Cidadania regulada, como diz mestre Wanderley Guilherme. Sem os conhecimentos jurídicos e médicos do meu irmão e do meu pai, meus tios estariam nas mãos do hospital.
Em meio a esse caos, vale destacar o trabalho da defensoria pública. Melissa, lembro da nossa discussão sobre o filme "Justiça" - você tem razão quanto ao ótimo desempenho da DP, e de como poucas pessoas sabem disso.
2 Comentarios:
Torço muito para que seu tio consiga se livrar dessa cobrança extorsiva. Há chances, sim, mas o Judiciário ainda é muito pacta sunt servanda em muitas questões. Vamos torcer!
Abraço
Eu convivo com essa certeza de que sem pistolão nada funciona todos os dias. A quantidade de pessoas desenganadas, desesperadas e necessitadas que ligam pra rádio é incrível. Elas têm a idéia de que apenas a Rádio "Grobo" pode resolver seus problemas. E nem sempre, ou quase nunca, podemos. Muitas querem apenas desabafar, conversar com alguém, ainda que seja um desconhecido. E todas desistiram de confiar no poder público, nas leis e nos serviços mais essenciais a que têm direito os cidadãos. Espero que o lendário Tio Ricky melhore. Sem ele, as histórias dos Santoro perderão boa parte da graça.
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